Esse é um tema bem polêmico, eu como contadora já presenciei várias situações de diversos clientes no decorrer dos últimos 20 anos e como empresária também tive experiências positivas e negativas, decidi compartilhar esta vivência no intuito de ajudar a todos que estão em busca de conhecimento em casos reais, espero que tenham uma boa leitura e que esse artigo contribua de alguma forma 😊
ARTIGO Nº 1 – Minhas experiências como empresária.
Desde o início da minha empresa, Kaed Contabilidade em agosto de 2003, já passaram mais de 200 empregados, hoje temos 40 profissionais registrados que estão ativos na nossa folha de pagamento.
Durante 20 anos e com todos esses colaboradores, tivemos somente 3 ações trabalhistas, sendo que uma delas foi de uma funcionária que demitimos por justa causa, vou contar para vocês como tudo aconteceu:
1º CASO = DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA
Essa funcionária que foi dispensada por justa causa, entrou com uma ação trabalhista para tentar reversar a Justa causa, ela PERDEU a ação, na época foi julgada improcedente e a justiça foi feita.
O motivo da dispensa foi o fato dela ter marcado uma viagem sem pedir autorização para a nossa empresa, sem ter férias agendadas, na época ela disse que ganhou a viagem de uma tia e que não podia escolher a data, eu fiquei comovida e mesmo sem o agendamento prévio decidi conceder a “saída” de uma semana, mas tínhamos prazos internos para cumprir, então eu fiz uma proposta para ela adiantar todo o serviço antes de viajar, ela teria que vir trabalhar na empresa em um sábado e ficar até mais arde por alguns dias da semana, essa horas entrariam no Banco de horas, ela aceitou um pouco contrariada, no entanto dia seguinte ao deste acordo faltando apenas 5 dias para a data da viagem ela simplesmente sumiu, chegou para trabalhar quase uma hora atrasada, me encontrou no corredor da empresa, eu disse bom dia e ela virou as contas e foi embora, sem nenhuma justificativa, esperei até o dia seguinte, mas ela faltou sem dar nenhuma satisfação, descumpriu totalmente o nosso acordo e deixou todas as tarefas pendentes, diante desse comportamento extremo eu tive que chamar uma colaboradora que estava de férias para retornar antecipadamente para realizar as tarefas dela e mandei um telegrama comunicando a dispensa por justa causa, assim que ela recebeu o comunicado entrou em contato comigo, em tom de ameaça, dizendo que ia procurar a justiça de forma bem descontrolada e agressiva, eu disse a ela que poderia procurar, eu estava com a consciência tranquila, fiz o pagamento das verbas, bem reduzido já que na dispensa por justa causa são devidos poucos direitos e pouco tempo depois recebemos no escritório a intimação sobre a audiência no Forum Trabalhista, contratamos um advogado e solicitamos que alguns funcionários testemunhassem contando a verdade, somente a verdade, e aí ganhamos, o juiz entendeu que a empresa não fez nada de errado contra ela e que a dispensa por Justa causa foi realmente “JUSTA”, ela seguiu a vida dela e espero que tenha aprendido a lição.
2º – CASO = AMIGA DE INFÂNCIA
Esse caso aconteceu bem antes do anterior, tinha uma colaboradora que era minha amiga de infância, além desse vínculo nós já tínhamos trabalhado juntas quando éramos bem jovens, com 18/20 anos, fazia anos que estávamos afastadas, até que eu a encontrei por acaso e falei que tinha iniciado a minha empresa de contabilidade e ela disse que estava desempregada, eu a convidei para trabalhar e ela aceitou.
Ensinei a ela todo o trabalho de abertura de empresas e processos de legalização, ela tinha 2 filhas bebês e sempre se ausentava muito, eram faltas frequentes e eu não tinha muita experiência para lidar com essa situação, o fato de sermos amigas era um complicador, depois de algum tempo, talvez uns 2 ou 3 anos, o serviço aumentou bastante e eu precisei contratar outra pessoa para trabalhar nesse setor, essa nova pessoa se dedicava muito, chegava sempre mais cedo do que a “amiga” e nunca faltava, em pouco tempo ela dominou o serviço e situação entre elas ficava cada vez mais difícil, porque a “amiga” era chefe dela mas não tinha o comportamento adequado.
Além desse problema com a colaboradora nova, ela me pediu para pagar por fora as “comissões” que ela recebia sobre cada processo de abertura de empresa, isso porque ela estava se separando do marido e queria pleitear um valor maior de pensão e por isso não podia mostrar as comissões, eu concordei, mesmo sabendo que era errado, eu como contadora sempre oriento os meus clientes a não pagar NADA por fora, mas como eu confiava muito dela, afinal éramos “AMIGAS DE INFÂNCIA”, acabei aceitando, não computava as comissões no holerite, mas fazia as transferências bancárias junto com o salário registrado, mais uma vez, eu sabia que era errado, mas confiava cegamente nela.
Com o passar do tempo, o relacionamento entre ela e a colaboradora nova, ficou completamente insuportável e eu tive que escolher entre uma e outra, decide ficar com a colaborado nova que se dedicava muito ao trabalho, aí dispensei a “AMIGA”, paguei todas as verbas, tudo certinho.
2 anos depois, quase no limite da prescrição, recebi a intimação da ação trabalhista movida por ela, foi um CHOQUE, me senti traída.
O meu advogado viu que ela anexou TODOS os comprovantes de transferências bancárias das comissões que eu efetuei sem registro, ou seja ela já estava com intenção de processar a empresa, fez de caso pensado, eu levei vários colaboradores para testemunhar, quando ela via a colaboradora “NOVA”, sua rival na empresa, ficou muito nervosa e acabamos fazendo um acordo, eu aprendi a lição e depois disso que cometi mais esse erro, não adianta querer “AJUDAR” a pessoa registrando com uma valor menor para ter menos descontos, porque a responsabilidade é sempre do EMPREGADOR e no meu caso fui traída por uma AMIGA de infância, mas valeu a experiência e o aprendizado.
3º. CASO = MAIS RECENTE = FUNCIONÁRIA TINHA RAZÃO
Esse caso foi de uma colaboradora que trabalhou durante 8 anos na minha empresa, foi uma boa colaboradora durante bastante tempo, mas no ultimo ano de trabalho antes da dispensa ela não estava desempenhando tão bem e tinha alguns problemas de relacionamento, eu tinha a impressão que ela “jogava” contra a empresa, hoje já não tenho tanta certeza….ela saiu de licença maternidade e no momento que seria o seu retorno eu resolvi reestruturar o departamento e já dispensá-la aproveitando que a empresa já tinha se adaptado a ausência dela (6 meses fora, 4 de licença maternidade + férias e banco de horas), infelizmente essa questão da licença maternidade acaba impactando na vida profissional das mulheres, mas esse é outro tema, o fato é que eu já tinha a intenção de dispensá-la quando ela engravidou, então esperei o período de gestação e o retorno da licença, fiz a dispensa sem justa causa após o período permitido legalmente.
Com certeza ela ficou chateada, mas cumpriu o aviso com responsabilidade até o final, teve um comportamento profissional, bem diferente dos casos anteriores.
Depois de alguns meses, ela entrou em contato com o nosso RH solicitando o pagamento de uma verba que no entendimento dela havia ficado pendente, eu não dei muita atenção porque sempre realizamos os pagamentos de forma correta, pouco tempo depois diante da nossa recusa em atender o pedido de pagamento de verba complementar, ela entrou com uma ação trabalhista, pleiteando “APENAS” aquela verba que ela havia solicitado, ela podia ter incluído no pedido várias verbas indevidas, inventado horas extras e etc, mas não foi o que ocorreu, eu fiquei surpresa positivamente.
Conclusão, aceitei fazer o pagamento do valor que estava sendo pleiteado e fizemos um acordo.
Nem todas as pessoas são desonestas!!